Há sessenta anos ocorreu a experiência espiritual relatada por Gitta Mallasz no livro Diálogos com o anjo. Em seus últimos anos de vida morando conosco, Bernard e Patricia Montaud, deu uma reviravolta em nossas vidas. Ensinou-nos a arte desse diálogo interior que conduz cada um a sua tarefa única, individual, deixando-nos como herança essa verdadeira estrada espiritual nascida no Ocidente.
Todos nós, um dia ou outro, temos a sensação de estar passando ao largo da nossa vida. Mas de que vida estamos falando? Dois momentos foram fundamentais para que eu encontrasse a resposta. Primeiro um livro, diálogos com o anjo, guia de viagem do homem novo, do homem consciente; depois, o encontro com uma mulher, Gitta Mallasz, que colocou em prática o ensinamento desse livro e realizou essa vida com uma tarefa. A sua.
Com ela aprendi as duas etapas que temos de cumprir atravessando a vida na terra. Nossa primeira obra: a nossa própria realização, homens e mulheres magníficos, bem sucedidos em nossa vida amorosa, familiar, profissional. A segunda eu diria que é uma obra-prima: depois de servir a nossa própria vida, servir à vida – ser útil, ter uma causa a defender, uma tarefa única e intransferível a realizar.
E, vejam, para cumprir as duas basta dialogar com seu anjo! Mais ainda – essa atividade não tem nada de sobrenatural ou de extraordinária, mas é simplesmente uma função humana a desenvolver.
“O diálogo com o anjo é uma espécie de caminho sem estrada”, dizia Gitta. “Vejam, o anjo, primeiro, é um velho mensageiro cristão, uma espécie de amor simbólico proposto ao ser humano, até o momento em que este faça a experiência de encontrá-lo. A partir desse momento trata-se de uma realidade tão concreta que o anjo se transforma, de maneira completamente natural, naquele que responde sem concessão quando se tem uma questão verdadeira... O anjo é a nossa inspiração criativa, nossa metade de luz, nossa íntima convicção imediata sem inteligência.”
Mas como dialogar com o que, em mim, sabe para o que eu fui feita? No começo, apesar de toda a minha boa vontade, eu só chegava a uma gentil tagarelice sobre mim mesma. Que maturidade é preciso atingir para encontrar em si mesmo a resposta as suas questões! Como abandonar o pequeno diálogo com o raso, o plano baixo de nós mesmos, nossos comentários, nossos julgamentos, para ir de encontro ao grande diálogo com o ápice de nós mesmos, com nossas intuições fulgurantes, nossos sentimentos portadores de sentido, nossa Verdade?
Diante das dificuldades que nós encontrávamos, Bernard Montaud, meu marido, e eu, nesse diálogo interior, Gitta sinalizou a nossa estrada, oferecendo-nos uma espetacular ferramenta: QSRA.
Questão – Silêncio – Resposta – Ato
Como fazer: a partir de uma dor em nossa vida do dia-a-dia, encontrar uma verdadeira Questão para entender o seu sentido. Depois, saber fazer um verdadeiro Silêncio, em seguida traduzir a Resposta com a verdade e, enfim, praticar um Ato para restabelecer a paz daquela determinada situação dolorosa.
A partir de um problema, portanto, todo diálogo começa por um “esquentar o questionamento” até encontrar a questão que nos toca verdadeiramente. As questões inteligentes só atraem o cérebro, enquanto que um determinado ápice das questões revela nossas intuições. E precisamos, a cada vez, percorrer essa mesma estrada para encontrar as palavras transparentes de total sinceridade.
Na segunda fase, é preciso fazer Silêncio, para domesticar nossa pequena condição humana, tão emotiva, para atingirmos uma espécie de neutralidade real. E, então, chega a terceira fase. Com a Resposta que pode surgir em imagens, em percepções, em sentimentos precisos, em intuições fulgurantes, mas raramente em palavras. Cabe a nós traduzir com palavras precisas essas intuições. É esta a grande dificuldade dessa etapa, porque essa outra dimensão de nós mesmos fala uma língua completamente diferente de todas, uma linguagem feita de Verdade, muito densa em sentidos. De repente, com a resposta que surge, nós nos vemos diante do limite da linguagem humana, lenta demais, pobre demais na quantidade de informações para conter a mensagem do anjo.
E, enfim, todo diálogo termina com a quarta fase: a exigência de um Ato consciente reparador. Um ato concreto que visa reparar a dor de alguém ou a nossa própria, que visa igualmente preencher nossas lacunas ou retificar nossos erros.
É exatamente esse o objetivo dessa magnífica experiência: através dos nossos diálogos, passar do homem de reações mecânicas ao Homem de ações conscientes.
Quando perguntávamos a Gitta – como reconhecer que é mesmo o nosso anjo? - ela nos respondia: “Se você pergunta isso é porque não é ele!”.
Não há explorações espetaculares a fazer, não é para esperar o sobrenatural... a única coisa a esperar dessa função é que a nossa grandeza sirva à vida. E que depois de ajudar a nós mesmos, possamos ajudar aos demais a nossa volta. Essa função “diálogo com o anjo” é uma autêntica função biológica, uma verdadeira conquista do nosso mundo interior, tão complexa quanto foi a conquista do mundo exterior para o homem desde que ele existe sobre a terra, há seis milhões de anos. E trata-se de uma história de amor: não a de ter um anjo, mas de se sentir amado ao infinito.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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