sábado, 30 de outubro de 2010

A magia do Sim :: Elisabeth Cavalcante ::

Existe uma espécie de magia na palavra sim. A princípio, é difícil entender o significado desta afirmação. Mas, na medida em que nos dispomos a experimentar esta prática, começamos a perceber o quanto ela, magicamente, dissolve as negatividades que surgem ao nosso redor.

Se, numa situação difícil nos enraivecemos, e ficamos cultivando este sentimento, aquilo que causou a raiva inicial, se estenderá por muito tempo, pois ainda que não esteja mais se manifestando concretamente, prossegue vivo, graças ao nosso apego àquela situação.

Quando nos dispomos a agir na direção contrária, ou seja, reconhecendo a raiva no momento em que ela acontece, porém, tomando a firme decisão de não nos apegarmos a ela, começamos a perceber o quanto esta atitude interior transforma imediatamente a energia que até então sentíamos.

Abandonar o apego àquilo que nos magoou, machucou, enraiveceu, é o primeiro passo para que nos libertemos. Este processo não acontece facilmente, pois a mente tende a nos manter permanentemente ligados àquele fato, remoendo-o sem cessar.

Porém, quando tomamos internamente a decisão de deixar ir aquela energia, e nos mantemos focados em acontecimentos positivos, que certamente estão ocorrendo à nossa volta, percebemos o quanto esta nova postura é capaz de promover uma verdadeira transformação.

Se confiarmos totalmente nesta experiência, aos poucos veremos que as soluções se apresentarão, natural e espontaneamente, seja dentro de nós, ou externamente, trazidas pela própria vida. Não se apegar é a palavra chave para que qualquer situação possa ser solucionada, ainda que não de imediato, como gostaríamos.

Quando nos dispomos conscientemente a deixar ir o que nos mantém aprisionados, seja um sentimento, uma emoção ou até mesmo algo material, esta simples disposição interior, começa a trazer para nós, de forma misteriosa, novas circunstâncias.

É preciso estar alerta o tempo todo, para perceber quando, em função de nossa resistência, acabamos prolongando situações que poderiam ser descartadas de nossa vida em menor tempo.

"Tantra olha para a vida com uma visão total. Não tem atitude para olhar para a vida. Não tem conceitos. Não é uma filosofia. Não é uma religião, não tem teologia. Não acredita em palavras, teorias, doutrinas.

Ele quer olhar para a vida sem nenhuma filosofia, sem nenhuma teoria, sem nenhuma teologia. Ele quer olhar para a vida como ela é, sem trazer qualquer mente no interior - porque esta será a distorção. A mente então projetará, a mente então mesclará - e então você não estará pronto para conhecer o que quer que seja.

Tantra afasta a mente e encontra a vida face a face, nunca pensando, "Isto é bom", nunca pensando, " Isto é mal" - simplesmentre encarando o que quer que seja. Então, é difícil dizer que isto é uma atitude. De fato, é uma não atitude.

A segunda coisa a lembrar, é que tantra é um grande sim, ele diz sim para tudo. Não tem nenhum não. Em seu vocabulário, não há negação.
Nunca diz não para nada - porque com o não as lutas começam. Com não, você se torna o ego. No momento em que você diz NÃO para algo, você já se torna o ego, um conflito vem, agora você está na guerra.

Tantra ama, e ama incondicionalmente. Ele nunca diz NÃO para nada, o que quer que seja - porque tudo é parte do todo, e tudo tem seu próprio lugar no todo. E o todo não pode existir com algo faltando nele.

...Mesmo se uma gota de água é perdida, toda a existência ficará sedenta.
Você arranca uma flor no jardim, você terá arrancado algo de toda a existência. Você danifica uma flor, e você terá feito mal a milhões de estrelas - porque tudo está interrelacionado. Tudo existe como um todo, como um todo orgânico. O todo existe não como uma coisa mecânica - tudo está relacionado com tudo o mais.

Então o tantra diz sim incondicionalmente. Nunca houve qualquer outra visão da vida que tenha dito sim sem qualquer condição - simplesmente sim.
O Não desaparece, em seu verdadeiro ser, o NÃO desaparece.. Quando não há NÃO, como você pode lutar? Como você pode estar em guerra? Você simplesmente flutua. Você simplesmente emerge e se dissolve, você se torna um.
As fronteiras não estão mais lá. NÃO cria limites. NÃO é o limite ao redor de você. Sempre que você diz NÃO, observe - imediatamente algo se fecha. Sempre que você disse sim, seu ser se abre.

OSHO - Tantra: A suprema compreensão

Sempre existem oportunidades... :: Rubia A. Dantés ::

Nesses caminhos pela busca de evolução, pelo autoconhecimento... tem tempos em que... trabalhamos, trabalhamos... e parece que nada acontece... e tem outros tempos onde a transformação é muito visível... A nossa mudança diante das coisas é muito perceptível... e as coisas a serem trabalhadas e liberadas se manifestam em grande quantidade.... É como se tivéssemos terminado um ciclo e nos preparássemos para o início de outro... e nesse intervalo... um pouco antes do final e um pouco depois do início... existe muito movimento...

E parece que, pelo momento que estamos passando, as coisas agora vão ficar cada vez mais movimentadas... e é hora de arregaçar as mangas e aproveitar as oportunidades...
Estamos passando pelo final de um grande ciclo de 260000, de acordo com os Maias...

E sempre que existe um final... existe um novo início... e esse tempo é muito rico e em termos de possibilidades de liberação do velho e de acessar o novo.

Cada um na sua história pessoal também pode sentir essas oportunidades de mudança, efervescendo... e nos puxando para a evolução...
E tudo que não condiz com a vibração do novo tempo... pede por transformação...

Parece que antes andávamos por uma estradinha de uma pequena cidade do interior, quase sem movimento... e, agora, transitamos em rodovias super movimentadas de grandes cidades...

E por que não aceitar o nosso momento e aproveitar toda a riqueza que ele nos oferece?
Tudo que nos chega... é porque damos conta... e é melhor olhar de frente e trabalhar naquilo para liberar o que for preciso do que jogar mais uma vez para debaixo do tapete...
Acho que do jeito que as coisas vão, não vai ter nem mais tapete para escondermos nosso lado sombra... Tudo vai se revelar, de uma forma ou de outra...
Por que não cooperar com esse processo e agradecer pela oportunidade de estarmos aqui em uma época tão especial? Estar encarnado nessa época é um presente e... se soubermos aproveitar, vamos finalmente colher todas as coisas boas...

Por mais movimentado que esteja esse processo de transformação, com tantas coisas vindo à tona... sempre podemos escolher passar por isso, como se ainda estivéssemos passando por aquela pequena e tranqüila estradinha do interior... podemos passar por tudo sem nos deixar levar pelo que estamos passando.

Para isso é só buscar o centro... acessar aquele espaço de silêncio e tranqüilidade que está dentro de cada um de nós... sempre disponível... onde nada nos afeta.

Sei que às vezes não é fácil... quando alguma memória vem à tona e nos movimenta tanto, parece que aquilo é tão real que sentimos até nos ossos... porque quando essas memórias vêm e nos levam a reagir movidos por elas, parece que quem reage é aquela parte em nos que passou pelo que originou o medo... revivemos tão nitidamente a experiência que nem nos reconhecemos ali...

Nessa hora, antes de nos deixarmos levar pelo medo... ou melhor, pela memória dele... podemos sempre nos afastar e de uma distância mais confortável e lembrarmos que o que está nos movendo é só uma ilusão e não algo real que nos ameace realmente...
e a partir daí, buscar o centro...

Existem muitas técnicas disponíveis para isso. A respiração, meditação... músicas... enfim... cada um tem uma sintonia com algo que o leva para você mesmo.

Uma vez eu recebi de uma mulher que me aparecia em sonhos... e em jornadas no tambor... uma dica preciosa. Ela me disse que tudo que eu precisava saber, me chegava no "centro" e que eu quase não estava lá para receber... e me mostrou uma mandala de luz branca... me ensinando a caminhar até o centro dessa mandala e ali permanecer. Assim fiz e... naquela época, me lembro que poucos minutos depois um telefonema me mostrou exatamente o que eu precisava saber para clarear uma situação bem complexa que estava na minha realidade... onde eu sentia que existia algo além, que eu não conseguia entender...
E realmente era algo inesperado que me foi mostrado com clareza. A partir daí, quando me lembro, sempre uso esse recurso da mandala e isso me acalma.

Vamos agradecer esse tempo... porque é o que temos, sem resistir e buscando ver que onde vemos obstáculos sempre existem oportunidades...

domingo, 24 de outubro de 2010

O dia da iniciação por Márcio Lupion - marcio@kallipolis.org

No primeiro dia, após Marcio ser aceito como aluno no Ashram foi um momento de imensa felicidade, pois depois de tanto tempo de leitura e espera, conseguir fazer parte das aulas era um triunfo pessoal enorme; para aquele que leu a vida do Paramahansa Yogananda e viu a dificuldade que o swami teve para encontrar seu mestre, ser aceito equivalia encontrar a própria libertação.
E não era um lugar qualquer, pois ali se reunia toda sua história pessoal, sua busca espiritual, os livros, sua memória sagrada. Parecia que ele havia se preparado para encontrar esse swami, naquele exato dia, um verdadeiro e feliz renascimento!

Na primeira aula, dividida em cinco yogas diferentes, começava-se pela Hatha Yoga, depois eram mais minutos de pranayamas - aqueles exercícios de respiração que preparam o corpo para a meditação, onde a mente vai silenciando, passo a passo, o batimento cardíaco vai diminuindo, chegando em um determinado momento em que simplesmente se sentava pra meditar, com a mente calma, o corpo tranqüilo e aí aprendia-se a ouvir, a mergulhar no silêncio, de um modo profundo, repleto de bem-aventurança e uma paz incomensurável.

Aos 20 e poucos anos, percebia-se o mundo somente agora, no momento em que sua mente se esvaziava, que as aflições do corpo silenciavam e não se sentia mais o corpo, onde ele começava nem terminava, não se tinha noção de tempo, nem da sua própria respiração; eram horas de silêncio onde, de repente, um sino tocava, e a partir dele, cantava-se mantras que falavam de Ganesha, Shiva, Krishna e de Rama, mesmo sem saber direito quem era Krishna, quem era Rama, cantava-se por 15, 20 minutos com uma devoção impressionante. As aulas eram divididas como em qualquer Ashram que se preze, segunda e quarta-feira, as meninas; terça e quinta-feira, os meninos, das 19:00h as 20:30h.

Foram meses e meses de exercícios com uma alegria indescritível. Cada vez que ele se sentava para meditar, ao voltar da meditação, sabia e sentia que era outra pessoa. Em nenhuma meditação verdadeira, a pessoa que se senta é a mesma que se levanta. A cada dia o ego, ou o que restou dele, ia se esvanecendo, se extinguindo e a vacuidade que a meditação trazia junto com bhakti e as canções...

Seu mestre falava que na "volta para casa" precisava-se de duas asas de anjos, uma asa chamada meditação, silêncio interior, mente vazia, som guardado, silencioso, corpo e gesto silencioso; a outra asa era a devoção, amar realmente Deus. Os Avatares são as pessoas que vêm para a Terra sem ego e promovem ajuda a todos os seres ao seu redor, a amar todo esse sistema de forma incondicional.
Quando se cantava, entendia-se o que era esse amor... Ao sair do Ashram à noite, Marcio pegava o ônibus para casa, sentava e sentia de verdade cada ser humano, os olhos do trocador, cansado, sonolento, atrás da catraca e, cada um ali, que enfrentava uma rotina, carregando pelas costas o peso do dia, ficando às vezes duas horas olhando pela janela sem ver nada; sentia mentes e corpos cansados e pessoas sem esperança. Mas de uma forma incrível, para ele, andar do lado do mais humilde era infinitamente melhor do que sentar na faculdade ao lado das pessoas que estavam curtindo a vida. Não conseguia entender como elas festejavam enquanto em volta haviam pessoas com falta de alegria, sem possibilidades...

Os contrastes foram ficando cada vez mais acentuados. Qanto mais meditação mais devoção, mais silêncio, menos ele conseguia viver com pessoas que achavam essa vida maravilhosa; não a vida do comer dos pássaros, do vento, a vida pura; mas a vida mental, a vida imposta, aquela vida em que a gente fala que as pessoas viraram pessoas de-mentes, pessoas que mentem para elas mesmas, porque a natureza da mente - me desculpem o trocadilho - é produzir mentiras. E no meio dessas mentiras pessoais, ele começou a entender o que é o ego, uma persona, uma máscara que as pessoas usavam para se colocar sempre em uma condição melhor do que elas mesmas, melhor do que os outros e, em alguns casos, até, em condições piores, doentes, porque aquilo desfazia algum tipo de bem que até hoje não entende.

O ego é a nossa máscara e a meditação tira a nossa capacidade de ver o ego no outro. Nesses meses, chegar perto de qualquer pessoa de atitudes mundanas, engajadas na realidade vigente, era incômodo, era uma sensação de dor física que pegava o estômago, um enjôo... e com o ouvido familiarizado agora ao silêncio, não conseguia conversar, nem mais jogar conversa fora. Parecia que a vida era mais importante do que relatar coisas que aconteceram de forma superficial ou simplesmente julgar o outro, falar, analisar o outro sem estar dentro dele. Como é que pode a meditação e a devoção o levarem a sentir o outro, falar de uma pessoa que você já sabe o que está sentindo?

Naqueles dias era praticamente desnecessário falar ou conviver com qualquer pessoa, porque parecia que você sentia realmente que a vida que habita dentro de cada um de nós, é a mesma que habita todo o cenário externo, e você percebia que cada pessoa queria somente ser feliz, e viver em paz, mas parecia que o tempo já não importava, era um contraste enorme entre essa sensação, esse brilho no olhar de cada pessoa, como se fosse uma criança perdida nos olhos de um adulto, era impressionante a diferença entre este ser que habitava em cada um de nós e os pensamentos externos, tendenciosos, os pensamentos do ego.
Naquele dia, Marcio entendeu uma frase simples que martelava em sua cabeça sobre o Cristo, "o Cristo ser o que ele é". Ramana falava o tempo inteiro em ser, os mestres falam sempre que temos que manifestar a nossa essência pura.

Assim, ele compreendeu quem era Cristo... e o anti-Cristo... Aquilo que não é nada essencial, a superficialidade das ações, gestos, da fala, era uma doença e tantas vezes via o seu mestre passar, sorrir e gesticular com a boca aqueles barulhinhos de "tsc, tsc, tsc", de desaprovação... e dizia: o homem está doente"... sorria e comentava: "penso e logo desisto". Passava sempre sincero, verdadeiro, honesto, leve, gentil, carregando o peso de todos em seus olhos, mas nunca lhes devolvendo nenhum mal estar.

Assim era a vida de aluno daquele Ashram... Determinado dia, lá para o dia 15 de agosto, de um ano que nem se recordava mais, talvez 1982, teve uma crise de choro, comprou flores e frutas, e foi ao Ashram, eram 17:00h e a aula começaria 2 horas depois. Fazia isso algumas vezes para meditar, mas nesse dia chegou sem motivo algum.
A mãe do Ashram, a Mãe Sutra - que significa ensinamento, falou: filho, você vai ser iniciado hoje? Ele falou: não, não sei, só cheguei mais cedo para meditar. Aí, ela disse: coloca a sua roupa branca e espera no vestiário, por favor. De repente, ele escutou uma batida no vestiário, seu mestre entrou e falou: Bom, você, já está há algum tempo aqui como aluno e chegou o dia de morrer, chegou o dia da sua iniciação, vem comigo que chegou a hora de você optar, se você quer realmente a felicidade plena, ou simplesmente caminhar como os outros homens que ficam entre a alegria e a dor. Venha comigo, filho!

Bem-Aventurança :: Elisabeth Cavalcante ::

Você se sente abençoado por Deus? Ou tem a sensação de que ele não se importa a mínima com você?
O sentimento de bem-aventurança só pode ser possível quando nos deixamos dominar pela certeza de que somos filhos diletos do Criador, como tudo o mais que existe no Universo.

A ilusão da superioridade, conferida pelo ego, faz com que muitos seres humanos se sintam acima de outras formas de vida e até mesmo de seus semelhantes. Então, quando a vida lhes apresenta provas difíceis de serem suportadas, são preenchidos por um sentimento de traição, como se Deus os houvesse enganado.

Mas, muitas vezes, o sofrimento é um teste necessário para se cair na real.
A fantasia da onipotência precisa ser abandonada, o quanto antes, se quisermos nos conectar com nossa verdadeira essência, que não se resume a nenhum tesouro construído pelas ferramentas do mundo material, mas tem sua raiz na profundidade de nossa natureza divina.

Enquanto prosseguimos adormecidos, ignorantes de nossas potencialidades infinitas, perdemos a chance de experimentar o sentimento de felicidade absoluta, que está permanentemente à nossa disposição.

Mas, sempre será tempo de encontrar o caminho. Basta que sejamos capazes de perceber que a vida não se resume a esta dimensão limitada, a qual nos mantemos apegados, enquanto não agimos com determinação para alcançar a libertação que tanto procuramos.

"As pessoas vem a mim e perguntam: "Como você pode provar que você é abençoado"?
Não há necessidade de prová-lo, Eu sou. E eu estou muito surpreso porque vocês também são, mas completamente inconscientes.
Talvez a minha declaração de que eu sou Deus perturbe o sono de vocês. Você ficam zangados, começam a pensar, " Se este homem é Deus, então porque eu não sou"? Vocês começam a sentir-se inferiores.

Na realidade, este não é o propósito da minha declaração. Minha declaração inclui vocês! Quando eu estou dizendo que eu sou Deus, eu estou dizendo que todo ser humano é Deus - e não somente todo ser humano é Deus, todo ser é Deus. Ser é ser Deus. Não há outro modo.

Deus é árvores nas árvores e pássaros nos pássaros e montanhas nas montanhas, homem no homem, mulher na mulher. Deus tem todas estas manifestações. Todas estas belas ondas se levantam em seu oceano.

...Vocês podem continuar com seus olhos fechados, vocês podem permanecer com os olhos vendados; esta é sua decisão. Se vocês tem escolhido não ser um Deus, você podem continuar fingindo não ser um Deus - mas eu digo a vocês é somente uma simulação. Deus é a sua realidade, e o que quer que de qualquer forma vocês estejam simulando, é somente uma crença.

...Buda declarou a si mesmo, Krishna declarou a si mesmo, Jesus declarou a si mesmo; eles foram todos autodenominados Deuses. Mas não há outro modo. Quando eu conheço, quando eu vejo quem eu sou, o que eu posso fazer? Eu simplesmente tenho que atestar o fato. É uma revelação, verdade nua - e não é apenas minha verdade.

Se eu estivesse declarando que eu sou Deus e vocês não são, então, seria apenas uma viagem do ego. Mas minha declaração inclui vocês, inclui toda a existência. E não tem nada a fazer comigo como tal. Na verdade, eu não estou mais aqui, e somente Deus está.
Eu soltei, o ser que vocês estão carregando; o ser que é criado pelos outros, eu tenho soltado. E soltando-o, o ser real é descoberto".
Osho - The secret

ALEGRIA, UMA ENERGIA LIMPA! por Oliveira Fidelis Filho - fidelisf@hotmail.com



Quando penso em alegria - no sorriso e no riso - sou levado a associá-la à energia pura, geradora de força. Este conceito encontra respaldo bíblico que diz: "... portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força". O livro sagrado cristão aponta para o fato de que a alegria que expressa força tem sua fonte no Senhor, ou seja, em Deus, no Sagrado.

Nem toda alegria (sorrisos, risos ou gargalhadas) provém de energia limpa. É importante distinguir humorismo de bom humor. Nem todos os humoristas são bem humorados ainda que provoquem estrondosas gargalhadas. O humorista, para se firmar, geralmente fundamenta-se em preconceitos, desvalorização, humilhação, desconsideração, discriminação, o que mesmo gerando muitos risos e gargalhadas certamente não pode ser entendido como alegria sagrada, energia limpa. Na verdade, é até possível conhecer o caráter de alguém a partir do que o motiva a rir ou chorar.

O verdadeiro bom humor, a alegria no Senhor, que emana do que é sagrado, limpo e puro, caracteriza-se por atitudes otimistas e bondosas, capazes de levar a quem as sustenta a ver o lado alegre e bom das pessoas, das coisas e dos acontecimentos, criando e espargindo em derredor um riso franco, generoso e entusiasmado.

A alegria sagrada, esta energia limpa, é fruto da Luz, da liberdade, do amor, do Sol da alma. É fruto do Vento, ou como diz outro texto bíblico, é fruto do Espírito.

A pura energia da alegria leva-me a resgatar dos arquivos da memória as usinas eólicas que geram energia a partir da ação do vento; pura magia! Dos modernos painéis solares que, à semelhança de girassóis, acompanham o sol em seu cortejo real; pura mística! Faz-me lembrar dos automóveis elétricos, com seus designers futurísticos, a deslizarem silenciosos sem agredir a Natureza. No entanto, pensar na densa energia da tristeza me remete às estruturas agressivas, ameaçadoras, das plataformas de petróleo, das minas de carvão; constantes fontes de agressão e morte! Faz-me lembrar da fumaça escura e nociva, a surgir nas chaminés e nas descargas dos automóveis, que na sua maioria ainda se movem impulsionados por estas energias fósseis.

A energia pura vem de fontes puras como o Sol e o Vento, gerando força e movimento sem poluir, sem enfeiar a Terra. A energia da alegria, semelhantemente, emana do Vento do Espírito e do Sol da alma, ou seja, da essência divina presente em tudo e em todos, mas utilizada ainda por poucos.

Quando tristes, estamos produzindo e consumindo energia que polui a psique e o corpo, além de contaminar o ambiente relacional e planetário. Quando alegres, produzindo e consumindo energia limpa, que além de conferir força e movimento - livrando-nos da prostração - proporciona assepsia pessoal, relacional e planetária.

Atentar para a pureza psicossomática é tão importante quanto manter limpo o Planeta, até porque é impossível permanecer insensível em relação à Natureza externa quando cuidamos bem da Natureza interna. Assim sendo, é preciso ter consciência de que a tristeza é uma energia poluidora, com muitos resíduos tóxicos geradores de enfermidades psíquicas e somáticas, enquanto que a energia da alegria é limpa e gera saúde.

Precisamos ainda nos perceber como eficientes usinas ambulantes de reciclagem emocional. Independente do lixo emocional a que somos expostos cabe-nos, como filhos da Luz, assumir o desafio de transformar energias poluentes e nocivas, tais como o ódio e a tristeza, em energias limpas tais como o amor e a alegria.

No que tange ao efeito terapêutico da alegria, faremos bem em observar as seguintes orientações bíblicas: "O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate. Todos os dias do aflito são maus, mas a alegria do coração é banquete contínuo. O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos".

A plástica que a alegria proporciona ao rosto é de dar inveja a qualquer cirurgião plástico; e nenhuma cirurgia plástica estará completa sem o toque da alegria.


Para os que vivem sob a energia da tristeza, todos os dias são maus, entretanto, para os que se alimentam da alegria, todo dia é uma festa, o banquete é contínuo.

A energia da alegria é bom remédio, mas para quem vive sob a energia da tristeza, haja remédio...

Os efeitos terapêuticos da alegria - a terapia do riso - sua capacidade de tonificar a existência é, portanto, do conhecimento humano de longa data. Hipócrates, o Pai da Medicina, no século IV a.C. já utilizava animações e brincadeiras na recuperação dos pacientes.

Freud, em seu trabalho A Graça e suas Relações com o Inconsciente, escrito em 1916, já afirmava que uma cena cômica e o riso dela decorrente melhoravam a saúde física e mental.

Em 1987, Frans Alexander, do Instituto de Psicanálise de Chicago, concluiu em suas pesquisas que "o caráter liberador do riso é um meio de se extravasar as tensões e de se evitar as doenças psicossomáticas".

Na Alemanha, uma pesquisa feita pelo departamento de psicologia de Dusseldorf provou que "rir é tão bom para o organismo quanto praticar esportes".

Na França, Jeanne Louise Calment, falecida em 1997 aos 122 anos, afirmou que o segredo da longevidade é "sorrir sempre".

Infelizmente, mantemos uma herança cultural oriunda da crença que valoriza o sofrimento. Alimentamos constantemente tais padrões de pensamentos e sentimentos ao declarar: "a vida é dura", "é sofrendo que se aprende", "a vida não é um mar de rosas", e por ai vai... E vai mal quem por ai caminha. O resultado é um numero grande de pessoas de cara feia, cara amarrada, cara triste, cara de bravo, enfim cara de bobo. Tudo isso é energia poluidora que infecta a mente, o coração, a relação e o Planeta.

Resta lembrar que a energia da alegria está no Universo e em nós, que a vida é gerada em meio a uma explosão de amor, prazer e alegria. Que ser alegre é uma escolha pessoal e intransferível e que cada um é responsável por gerar a própria alegria.

As dificuldades enfrentadas com alegria enxotam os "urubus" da tristeza, mantém acesa a esperança, enchem de Vida a vida, é como expor o gelo ao sol...

Texto revisado

Liberdade: tão sonhada e tão temida por Teresa Cristina Pascotto - crispascotto@hotmail.com



Passamos a vida lutando pela liberdade. Sofremos, nos resignamos e nos rebelamos, tudo isso na intenção de nos libertarmos, mas a única coisa que conseguimos é nos aprisionarmos cada vez mais, a pessoas, situações e a nós mesmos. Ficamos irritados com as pessoas que nos sufocam, aprisionam e intimidam, mas quando conseguimos tomar consciência de que não há nada nem ninguém nos aprisionando e que somos totalmente livres para fazermos nossas escolhas e alçarmos nossos vôos rumo à realização de nossos ideais, descobrimos que temos medo da liberdade. Justamente quando ela bate à nossa porta, nos mostrando que estamos prontos para a vida, livres de todas as amarras, nos sentimos paralisados.

Por que será que nos assustamos diante dela? O que será que significa termos total liberdade de ir e vir, de fazermos nossas escolhas, de sermos quem de verdade somos? Que perigos acreditamos que existem na tão sonhada liberdade?

Dentro de nossa limitada e distorcida forma de percebermos a vida, em nossa dualidade, só enxergamos duas possibilidades em nossas vidas: sermos prisioneiros de situações e pessoas, mas com isso garantindo nossa aceitação e inclusão nos grupos aos quais desejamos pertencer ou a total liberdade, mas garantindo nossa rejeição por estes mesmos grupos. Acreditamos que, ao sermos livres, as pessoas não nos aceitarão mais, pois não seremos mais para elas, aquilo que elas desejam e que lhes é conveniente que sejamos.

Portanto, o medo de sermos rejeitados e não aceitos, e a consequente solidão, caso nos libertemos das amarras dos nossos relacionamentos, faz com que não tenhamos coragem de alçar nossos vôos.

À medida que passamos por processos que nos levam a conhecermos de verdade nossa realidade interna e a nós mesmos e, conseqüentemente, a nos libertarmos das amarras das relações não saudáveis em nossas vidas, vamos, gradualmente, sentindo que as pessoas de nosso convívio começam, de forma muito inconsciente e sutil, a se afastar de nós, a modificar suas atitudes e reações para conosco, a nos tratar com certa indiferença. As pessoas recolhem sua energia, que normalmente emanavam em nossa direção, quando éramos aquilo que elas desejavam. Acostumamos-nos com o recebimento dessas energias. Nosso medo de sermos rejeitados e abandonados é tamanho, que não nos importa se as energias manifestadas pelas pessoas, em nossa direção, sejam "boas ou ruins". O que nos importa, é recebermos energias das pessoas de nosso convívio.

Nas interações humanas, a forma mais poderosa e de maior significado, e que traduz a maior realidade, é a manifestação das energias que são trocadas nessas interações. Aquilo que vivemos na "realidade física", conforme percebemos racionalmente, é a parte mais irreal que existe. Tudo o que nos acontece em nossas interações, tem um grande poder e realidade, nas dinâmicas ocultas, manifestadas pela nossa interação psíquica e, principalmente, energética.

Então, mesmo que estejamos recebendo energias densas, como por exemplo, de uma pessoa autoritária que nos limita, nos acostumamos com essa energia de autoritarismo e até gostamos, pois nosso eu inconsciente, entende que essa energia que nos aprisiona e nos limita, apesar de nos incomodar, nos dá a sensação de pertencer, de que estamos envolvidos em "algo ou alguém", de estarmos inseridos em um contexto - uma rede energética - que não nos deixa sentirmo-nos solitários. Se essa energia for recolhida pela pessoa que a emana, nos sentiremos sem referência, soltos no vazio.

Assim, ao desejarmos a liberdade e ao irmos em sua busca, passamos a desfazer essas redes de energias que criamos em nossos relacionamentos. Isso significa que vamos, aos poucos, nos sentindo cada vez mais "desprotegidos". Quando estamos livres de verdade, essa sensação de desproteção aumenta, pois perdemos o contato com as tais redes limitantes. As pessoas retiram mesmo suas energias e a sensação que experimentamos é de total abandono.

Com isso, sentimos medo de que, ao alçarmos vôo livremente rumo às nossas realizações, quando voltarmos, as pessoas que desejamos que façam parte de nossas vidas, não nos aceitem mais e nos excluam definitivamente de seu convívio.

Esta é uma crença limitante baseada em nossas percepções distorcidas. A realidade é que, enquanto acreditarmos que devemos nos deixar aprisionar por energias de pessoas possessivas, só para nos sentirmos aceitos, ficaremos sempre presos no medo da rejeição. Este medo nos mantém conectados a essas pessoas. Mas, se nos propusermos a confrontá-lo e buscarmos meios de dissiparmos essas redes das interações energéticas e psíquicas, através do conhecimento dos motivos que nos levam a interagirmos com essas pessoas dessa forma e, ainda, se nos mantivermos focados em nossos anseios e buscarmos recursos que nos levem a alcançá-los, conseguiremos finalmente nos libertar, verdadeiramente.

Prosseguindo com coragem, aos poucos, o medo do abandono se dissipará e, quanto mais estivermos livres dele, mais nos libertaremos dessas amarras e estaremos mais preparados até mesmo para enfrentar a possível rejeição de algumas pessoas. Mesmo que isso aconteça e nos entristeça, deveremos prosseguir. Neste processo e seguindo nosso coração, conseguiremos perceber que não é necessário alçar um vôo que nos leve muito distante dos nossos, mas que poderemos alçar pequenos vôos, atingindo pequenas distâncias/conquistas, adquirindo cada vez mais auto-segurança para irmos "mais longe" para atingir nossos objetivos, mas sabendo que sempre poderemos "voltar" e que continuamos a fazer parte do todo, que ainda pertencemos.

Se fizermos isso a partir do amor que temos por nós, perceberemos que é somente deste amor que precisamos. As demais pessoas são importantes, mas se deixarem de nos amar, sobreviveremos. Com isto, sem o medo do abandono, as pessoas passarão a nos respeitar e até mesmo a nos admirar, nos aceitando exatamente como somos: livres e realizados!

Compaixão por Você por Vera Ghimel - veraghimel@oi.com.br e veraghimmel@yahoo.com.br

Toda cura emocional inicia-se pela compaixão de si mesmo. Sem isso, nada funciona. Somos assolados por conceitos, dogmas, regras que só trazem dor e julgamento. Já viemos "enguiçados" de fábrica e estamos aqui para um "recall constante. Deus, na verdade, já nos perdoou, antes mesmo de nascermos. Quem não perdoou fomos nós mesmos.

Durante a vida caímos na cilada da busca do amor, da aprovação e do sucesso, dependendo do sistema e dos valores de inclusão onde se vive. Esquecemos que somos espíritos momentaneamente encarnados, não o contrário. Somos deuses se manifestando num corpo, por um determinado tempo, para crescer, experenciar, aprender. Culpa, autoflagelo, autocomiseração não servem pra nada, apenas para tirar você do foco. Somos uma coletânea de tentativas, acertos e erros, não pra fora e sim pra dentro. Deve-se sempre se perguntar se aquela escolha foi boa pra você e se não foi, ter a tranquilidade de refazer ou descartar.

Julgar-se como alguém que errou ou que acertou é sentar-se no banco dos réus de um tribunal que está nas mesmas condições que você. Ninguém no planeta Terra tem esse direito. Julgar o outro nos tira a chance suprema de integrar os nossos cantinhos obscuros que só vemos através de provocações externas, pois ninguém tem olhos virados para dentro. Situações, pessoas, estão constantemente nos revelando quem somos e como estamos naquele momento.

Quanto mais acolhemos todas as nossas partes, mais inteiros ficamos e saímos da dualidade. O planeta está condicionado a esse holograma dual que é o bom x mal e tentamos escolher o lado bom para sermos amados, aprovados e termos sucesso. Mais não somos totalmente bons como também não somos totalmente maus. Essa busca do modelo ideal para inclusão social nos afasta de nossa verdadeira missão que é se autoconhecer e melhorar o nosso "jeitão de ser". Não para aprovação externa, mas para uma convivência agradável conosco. Os sistemas políticos, sociais, econômicos e religiosos vigentes não nos ensinam a nos amar, nos aprovar e olhar pra dentro com a certeza que desenvolveremos o nosso talento natural, assim obtendo sucesso no que nos envolvermos.

Por conta dessa incessante busca de amor, aprovação e sucesso, esquecemos de nós e começamos a nos deixar levar pelo o que o outro acha. Esbarramos numa outra contradição, pois sendo os seres humanos únicos, individualmente falando, ninguém tem que achar nada. A única coisa que nos faz iguais é a nossa essência divina e o amor e para amarmos qualquer pessoa, temos que descobrir esse sentimento primeiro dirigido para dentro. Nos acolher, nos amar, ter compaixão pelas nossas dificuldades e limitações e transgressões é iniciar a verdadeira cura para um mundo melhor.

Observe se você está levantando uma bandeira contra alguma coisa no mundo e perceba que primeiro você tem que curar isso dentro de você. Um exercício que eu acho ótimo para acelerar o processo de autoconhecimento e integração é imaginar estar numa ilha onde você não conhece ninguém, portanto, não há papéis a desempenhar. Imagine também que não há regras e nem leis para convívio social. As pessoas que vivem ali estão convivendo com a natureza e sobrevivem com os recursos dela. A partir desse cenário, comece se perguntando o que gosta em você. Suas características mais atraentes externas e internas. Se escrever facilita, faça-o.

Depois passe para o que você não aprecia em você e quer mudar. Quando identificar essa parte, não se julgue. Apenas reconheça que essas características são suas e que você naquele momento as acolhe e integra para uma mudança saudável. Agora o mais difícil: localize dentro de você aquilo que você sabe que pode ser contra o seu crescimento, mas que você ainda não se convenceu que quer mudar. Pode ser desde coisas leves até as mais graves, no seu entender. Acolha do mesmo jeito, dizendo para si mesmo que apesar de você ainda não se desprender daquilo, você se aceita e se acolhe. No final, a sensação será de PAZ.

Se todos fizerem isso ao invés de apontar o dedo acusatório para fora, aí teremos uma real mudança de vida nesse lindo planeta azul.
Lembrem-se: "a Verdade liberta e o Amor transmuta".

Flexibilidade + Humildade = Aprendizado :: Rosemeire Zago ::

O que mais ouvimos nas relações com as pessoas são queixas pelos mais diversos motivos; uns porque o dia está frio ou calor demais, outros pela crise que estão passando no relacionamento afetivo, problemas no trabalho, doenças na família, conflitos com os filhos, enfim, parece sempre haver motivos para muitas lamentações. Sim, há pessoas que vivem a vida assim, sempre se lamentando, como se fosse um velho hábito do qual não conseguem se libertar. Quem convive com essas pessoas sabe muito bem o quanto transmitem algo ruim, e quem sabe você mesmo não se reconhece como uma delas. Parece que para essas pessoas nada dá certo, tudo que acontece sempre podia ser melhor. Podemos dizer que são os eternos insatisfeitos. São rigidamente exigentes, consigo mesmo e mais ainda com os outros. E como deve ser sofrido viver assim, sem satisfação, sem alegria, sem prazer.

É evidente que todos nós passamos por momentos difíceis dos quais não é possível sorrir, mas será que mesmo nesses momentos não conseguimos obter algum aprendizado? Será que se conseguirmos ampliar nossa visão limitada não podemos aprender algo e com isso sofrer menos?
Pense no problema que está enfrentando nesse momento, seja qual for. Agora pense qual pode ser o aprendizado contido nessa situação. Muitas vezes, enfrentamos situações já conhecidas, exatamente pelo fato de não pararmos para buscar aquilo que podemos aprender quando elas acontecem e, assim, a situação pode retornar, ainda que de outra forma, mas com a intenção de nos fazer aprender algo. Cada um tem suas próprias lições, e da mesma forma, cada um tem seus próprios aprendizados, mas é preciso estar atento para que essas lições não passem despercebidas e retornem.

Ao refletirmos sobre a psicossomática, ciência que estuda a relação entre as doenças e o estado emocional, podemos perceber o quanto as doenças surgem como verdadeiros ensinamentos, desde que a pessoa consiga percebê-los. O aprendizado é tão importante, que quando a pessoa consegue senti-lo, dizemos que está no caminho da cura. É quando a mensagem contida é compreendida e assim, não é preciso que se mantenha nem que se repita. Portanto, comecemos a desenvolver nossa sensibilidade para aprender, sempre!

Para aprender devemos estar abertos para exercitar nossa humildade e flexibilidade. Uma pessoa orgulhosa e arrogante dificilmente acredita que ainda há o que aprender, pois pensa saber tudo; da mesma forma uma pessoa rígida em seus valores e padrões tem muita dificuldade em aceitar as mudanças, querendo sempre ter o controle de tudo e todos. Não temos como saber tudo, pois estamos em constante processo de mudança e evolução, independente de idade ou do quanto já sabemos. Por isso, para que haja mudança, devemos ser flexíveis; e para aprender, devemos ser humildes. A arrogância, o orgulho e a rigidez são verdadeiros obstáculos para o aprendizado e conseqüente crescimento.

Volte ao seu problema atual. Pense se isso já ocorreu com você em outro momento de sua vida. Não é preciso que seja necessariamente a mesma situação, mas uma situação que despertou um sentimento semelhante ao que está tendo nesse momento. Muitas vezes, os acontecimentos são diferentes, mas o que sentimos é exatamente igual. Quando isso acontece é momento de parar e refletir. E aprender!

Agora pense sobre as situações passadas que lhe permitiram aprender algo, seja sobre si mesmo ou sobre a vida. Com certeza, descobrirá o quanto foi, e ainda é, capaz de superar os momentos difíceis, principalmente, se identificar o ensinamento que lhe trouxe. Você pode pensar que tais situações lhe trouxeram também muito sofrimento, mas desde quando, nós seres humanos, aprendemos algo quando está tudo indo bem? Quando situações e pessoas caminham conforme esperamos, nada muda, pois tendemos a não parar para pensar e nos acomodamos. Geralmente, só refletimos um pouco mais sobre nossos valores, e como estamos conduzindo nossa própria vida, quando surge uma doença com nós mesmos ou com quem amamos, quando há uma perda por falecimento ou separação, enfim, quando acontece algo que nos faz sofrer e, forçosamente, nos faz pensar. Do contrário, vamos vivendo sem muitas reflexões, questionamentos, sem mudanças ou crescimento. Todos nós resistimos a sair de nossa zona de conforto, por pior que as coisas estejam. E ao agirmos assim é que os conflitos se mantêm, a insatisfação se torna crônica, o sofrimento permanece e as doenças surgem. Seja qual for a situação que esteja enfrentando, seja ela conhecida ou não, procure buscar a mensagem que lhe traz e em conseqüência, o aprendizado.
Quando conseguimos obter isso, é como se deixássemos claro ao Universo que já aprendemos essa lição e que não precisa mais retornar. Mas que saibamos que outras lições virão, e da mesma maneira que hoje podemos superar sem desespero ou lamentações, teremos cada vez mais a certeza que tudo acontece para que possamos crescer e subir mais um degrau nessa escada sem fim de nossa evolução.

sábado, 16 de outubro de 2010

PROSPERIDADE por Brahma Kumaris - sao.paulo@br.bkwsu.org

A prosperidade é geralmente definida como ter tudo para preencher nossos desejos. Mas na visão espiritual, percebemos o oposto. O necessário é sermos sem desejos. A base para experimentar tristeza é ter desejos. A base para a felicidade é ser livre de desejos. Portanto, felicidade não seria mais dependente do aspecto financeiro, fama, e outras fontes de preenchimento externo, mas, sim, de um preenchimento interior. O tema prosperidade pode ser subdividido em 4 aspectos: pessoal, relacionamentos, saúde e finanças.

Prosperidade pessoal

Três aspectos são importantes na prosperidade pessoal:

Riqueza de valores internos

A verdadeira fortuna é a dos valores internos. Quando observamos as dificuldades que roubam a nossa felicidade, todas elas nos levam para a mesma resposta: a falta de virtudes. Quando ficamos cansados devido aos afazeres domésticos e ao trabalho, que ingrediente estaria faltando na “massa do bolo”? O ingrediente que falta é a experiência de amor. Vencemos o cansaço quando desenvolvemos mais amor pelas pessoas e pela tarefa. Quando queremos que as pessoas façam “tudo para ontem” e ficamos irritados com aqueles mais lentos, isto mostra que não estamos aceitando o fato de que as pessoas têm ritmos diferentes. Nesse caso, é preciso ter mais paciência com o nosso processo de transformação e o processo daqueles com quem convivemos e trabalhamos.

Tolerância

O que nos torna críticos em relação às pessoas e situações é a falta de tolerância. As coisas têm que ser feitas da nossa maneira. As duas faces negativas da crítica são: ver os defeitos dos outros e espalhar os defeitos dos outros no grupo, equipe ou família. Essas atitudes podem até expressar uma certa deslealdade em relação às pessoas. Antigamente, valorizava-se a lealdade em relação ao clã, honrar o nome da família era uma atitude natural. A lealdade em relação à verdade, à comunidade, à cidade, gera o sentimento de pertencer. Então, as fraquezas dos outros membros são entendidas como sendo nossas próprias fraquezas. Às vezes percebemos que a crítica recai sobre aqueles que não fazem parte do “nosso grupo”, porém precisamos cultivar a atitude de apoiar e abraçar todos, assim como a mãe age com filhos. Criticar é sempre uma atitude de separatismo. Usamos muito a palavra aceitar, mas de forma limitada, superficialmente. Aceito, desde que ele lá e eu aqui. A verdadeira aceitação deve ser carregada de tolerância, de valorização do outro.

Clareza e simplicidade

Ser rico é ser livre de confusão. Deus é claro e simples. Ele nos inspira clareza na forma de levarmos a vida. Onde há simplicidade, não existe confusão. Porém, quando há estresse - muitas vezes causado pelo excesso de informações - desenvolvemos confusão interna, que é falta de clareza e falta de concentração. Sem clareza e concentração nossa meditação “vai por água abaixo”. Quando pensamos, os neurônios criam circuitos internos. Quando enviamos apenas informações conflitantes, com pensamentos em várias direções, criamos um circuito errado ou incompleto. E se começamos a fazer algo antes do circuito terminar, isto gera confusão mental. Portanto, precisamos vencer a confusão através da clareza e do discernimento.

Prosperidade nos relacionamentos

A prosperidade nos relacionamentos depende da harmonia do relacionamento comigo mesmo. A história nos conta sobre aqueles que se entregavam uns aos outros por amor, como Romeu e Julieta. Hoje as pessoas entendem o amor como um comércio de dar e receber. Deus nos ensina o amor incondicional, o gesto de dar e continuar dando, independente das pessoas corresponderem ou não. É o amor incondicional que recebemos de Deus que nos capacita a continuar doando esse sentimento elevado sem expectativas. O retorno daquilo que doamos é recebido de volta, através de Deus, dos outros, da natureza, da vida. Posso não recebê-lo da pessoa específica a quem doei, mas outros, definitivamente, darão o retorno. Em relação aos relacionamentos humanos, a maior prosperidade é quando somos capazes de inspirar outros a cooperarem.

Auto-respeito e respeito

Somos respeitados na porcentagem que respeitamos os outros. Há uma profunda relação entre auto-respeito e respeito aos outros. Se fôssemos definir o mundo de hoje, este seria um mundo de falta de respeito, porque há falta de auto-respeito. O mundo hoje fala muito em trabalho em equipe. Há alguns que cooperam pelo sentimento de criar algo por uma causa nobre. Há outros que cooperam pelo elogio que recebem. É importante que o ato de cooperar seja independente do elogio das pessoas.

Lealdade

Um dos aspectos mais valorizadas nos relacionamentos entre as pessoas é a lealdade, a fidelidade e a amizade sincera. Lealdade com Deus e com as pessoas significa dar apoio e solidariedade incondicionalmente. Isto requer força. Recuperar esses valores significa recuperar por completo e não só quando é conveniente para nós. Algumas pessoas têm o hábito de fazer compra de conselhos (do inglês: “shop for advice”). Quem faz isto, pede conselhos até encontrar alguém que diga o que ela/ele quer ouvir. Não é que tenhamos que perguntar para um só sempre, mas precisamos ser claros no que queremos e estar abertos a ouvir o que é bom para o nosso autoprogresso. Quando recebemos uma orientação mas ainda não nos sentimos esclarecidos é leal ser claro com a pessoa que nos deu a orientação que gostaríamos de ouvir a opinião de outra pessoa.

Prosperidade na saúde

Ser saudável não é necessariamente ter saúde. Ser saudável depende de nossa atitude em relação à saúde e à doença. Para alguém verdadeiramente saudável, mesmo doente, a doença não se torna um motivo para não progredir, acumular espiritualmente.

Pessoas saudáveis, mesmo doentes, não dão trabalho aos outros. Elas recebem cooperação e ajuda, mas não criam uma atmosfera de doença. Pessoas doentes tornam toda a família doente também. Mama, primeira líder administrativa da Brahma Kumaris na Índia, faleceu com 45 anos. Enquanto ela estava no hospital, os enfermeiros sempre perguntavam quem era o doente, com base nas expressões do rosto dos acompanhantes, que por vezes pareciam mais doentes que Mama.

Saúde é não roubar o tempo, a felicidade e a energia das pessoas ao seu lado. Quando encontramos alguém, ao invés de fazer a tradicional pergunta “Como vai você?”, uma vez que essa interrogação desencadeia uma série de reclamações, precisamos dizer “Você parece ótimo!”, porque isto gera positividade.

Saúde próspera é ter equilíbrio nos hábitos. Mesmo que a gente esteja bem fisicamente hoje, precisamos dar importância a uma boa alimentação, exercícios físicos e a prática da meditação.

Prosperidade financeira

Prosperidade financeira significa ter o suficiente para seguir o que Deus deseja para nós. Não é possível imaginar que, se Deus pede algo para nós, Ele não vai nos prover com o necessário para cumprir com aquilo. Deus não pediria algo se soubesse que o filho não pode preencher. Será que Ele seria tão sem amor? Portanto, ser rico é ter o suficiente para preencher as orientações de Deus.

Ser rico é ter o suficiente para ajudar a servir e transformar o mundo. Se não uso meus recursos para elevar a humanidade, mesmo que tenha uma conta bancária polpuda, será que sou rico? A pessoa tem que dar a prova de ser útil. Isto é prosperidade. Ter a certeza que Deus vai cuidar de nós. Às vezes pensamos que é sempre uma questão de consumir e pagar. Mas, a lei é: quanto mais doamos, mais recebemos.

Se estivermos passando por alguma dificuldade financeira podemos refletir: Em que aspectos não estamos sendo generosos? Às vezes o egoísmo sutil de alguma natureza é como um muro que cria obstáculos. É importante também estarmos abertos à forma que seremos ajudados por Deus e pelo Drama ou Destino. Muitas vezes queremos a ajuda de uma forma mas ela vem de outra.
Devemos fluir como o sol, que não pergunta o quanto doa de luz. São coisas pequenas que travam a facilidade financeira. Desperdício, por exemplo, não atrai riqueza. Quer seja desperdício de dinheiro, de comida ou pensamentos. Abundância só vem para quem não desperdiça. A natureza é tão sábia, ela retribui àqueles que usam os recursos com consciência.

Vencendo as barreiras :: Elisabeth Cavalcante ::

Somos o resultado daquilo que acreditamos ser. A crença é, aliás, o que direciona a nossa vida o tempo todo. Não apenas as crenças externas, que a sociedade nos impôs, mas, principalmente, aquelas que nós próprios nos impomos, a partir das experiências emocionais que a vida nos trouxe.

O resultado é uma postura de amargura, em que nos cobramos uma perfeição que acreditamos jamais conseguir alcançar. Não é de admirar que a depressão seja um dos maiores males da sociedade atual.

A maioria de nós vive em total disssonância com a sua realidade interior, aquela que vem da alma e determina nossos anseios mais profundos, que poucas pessoas conhecem.

Viver sob o domínio do ego é uma experiência bastante dolorosa, pois nos traz o medo permanente de que deixemos transparecer nossas fragilidades e, deste modo, sejamos esmagados pelo mundo.

A única maneira de escapar desta armadilha é aceitar nossas limitações e olhar para elas com um olhar amoroso e compassivo, entendendo-as como o produto dos condicionamentos a que fomos expostos.

Entretanto, existe uma postura fundamental, que pode fazer toda a diferença entre uma vida feliz e saudável e outra onde o sofrimento será uma constante: trata-se da fé, de acreditar que apesar de difícil, sempre será possível vencer os obstáculos, se estivermos dispostos a buscar ajuda.

Os recursos para isto existem atualmente às dezenas, mas eles jamais poderão fazer algo por nós se não estivermos movidos por uma vontade profunda, que nos mobilize a fazer tudo o que pudermos para alcançar a paz e a serenidade com que sonhamos.

...."A mente funciona como um computador, e seguimos alimentando suas atitudes. Estas vão se acumulando lá e pouco a pouco se tornam profundamente entranhadas.
Personalidades podem ser divididas em duas categorias. A primeira, os psicólogos chamam de personalidade T, tóxica, e a outra chamam de personalidade N, nutridora.

Uma personalidade tóxica está sempre olhando as coisas de uma maneira negativa. Toda a visão do mundo da personalidade tóxica é depressiva, triste. A personalidade tóxica se esconde atrás de belos rostos. Um perfeccionista é uma personalidade tóxica.

...Ele quer procurar pelas falhas, enganos, erros, qualquer coisa que esteja faltando, e essa é a melhor maneira - manter uma aparência de perfeição para que ele possa comparar com o ideal e condenar sempre.

Essa personalidade tóxica sempre olha naquilo que não é e nunca olha naquilo que é, desse modo o descontentamento se torna natural. Uma personalidade tóxica envenena seu próprio ser; não apenas isso - goteja veneno.

Isso pode ser uma herança. Se você conviveu na sua infância com pessoas que tinham uma atitude negativa para com a vida... Isso pode estar oculto em termos brilhantes, belas linguagens, ideais, paraíso, Deus, religião, a alma; eles podem usar belas palavras, eles estão simplesmente tentando... e eles falam a respeito do outro mundo somente para condenar este mundo.

....A segunda personalidade, a personalidade N, a personalidade nutridora, é totalmente diferente. Ele não possui ideais, realmente. Ele apenas olha para a vida e a realidade decide seu ideal. Ele é muito razoável. Nunca é perfeccionista; é total, mas nunca um perfeccionista. E sempre olha para o lado bom das coisas. A personalidade N está sempre esperançosa, radiante, aventureira, confiante, não condenatória. Essas são as pessoas que se tornam poetas, pintores, músicos.

....Se uma pessoa tipo N se torna pai, então há um pai de verdade. Se uma pessoa tipo N se torna mãe, ela é uma mãe real. A pessoa tipo T é um pseudopai e pseudomãe. Serve apenas de truque para explorar a criança, para torturar, dominar, possuir e esmagar a criança, para se sentir poderoso esmagando a criança.

O tipo T está na maioria, assim você pode estar certo que você está carregando uma herança como todo mundo. Mas uma vez que você se torna cônscio, não há mais problema. Você pode se mover de T para a N muito facilmente.

...O que você puder fazer, faça; O que você não puder fazer, aceite. É assim que você é, e você está aqui para ser você mesmo, ninguém mais. Pouco a pouco você verá que o seu T está se transformando em N. Você será nutridor e você desfrutará mais, você amará mais, e você ficará mais meditativo.

...Apenas desfrute e se mova de acordo com o seu ser - nada de deveres, nada de ideais, do contrário eles lhe envenenarão. Olhe para a vida com profunda esperança. Ela é realmente bela. Apenas olhe para ela, e não espere por perfeição. Não pense em termos de desfrutar as coisas somente quando elas forem perfeitas; senão você nunca desfrutará.

Se uma pessoa tipo T encontrar Deus, irá imediatamente descobrir algum defeito nele. Eis porque Deus está escondido - devido às pessoas tipo T. Ele se revela para os tipos N, nunca para os tipos T. Ele se revela apenas para aqueles que podem ser nutridos por ele - não somente isso, mas para aqueles que podem nutri-lo.
Portanto, apenas relaxe, desfrute, aceite, e os problemas desaparecerão.
Osho, Extraído de: A paixão pelo impossível.

Quando desejar alguma coisa, concentre-se nela por El Morya Luz da Consciência - nucleo.elmorya@veragodoy.com

O carma é sempre o responsável pelos nossos sofrimentos? Não. Nós somos! Mas, como agir para não sofrer ou sofrer menos? Para não fazer outras pessoas sofrerem. Quando Buda disse: Você é aquilo que pensa, quis dizer também: e pelo que te acontece! E é difícil entender essa frase quando sofremos. Ah... o carma é o culpado! Se somos aquilo que pensamos e nossos pensamentos mudam minuto a minuto, podemos concluir que estamos em constante mutação? Nós temos a tendência a acreditar que aquilo que pensamos é a verdade e, assim, mantemos as mesmas crenças e pensamentos por muito tempo,

No Livro "O Carma do Agora", Martin Schulman diz assim: "O homem constantemente procura ver a si mesmo através dos olhos dos outros. Curiosamente, quanto mais o faz, menos ele é verdadeiramente ele mesmo. Se esse indivíduo continua a viver sua vida dessa maneira, é muito difícil conhecer seu carma".

Schulman diz que a lei de ação e reação existe dentro de cada indivíduo e somente quando isso se equilibra ele encontra a si mesmo. Mas, muitas pessoas passam uma vida inteira reagindo aos acontecimentos que vivem e nunca param para determinar o que realmente é importante. Falta-lhes clareza em suas metas, muito apego ao passado e, alguns pior, apegam-se a acontecimentos de vidas passadas e acabam vivendo os resultados da Lei de Causa e Efeito sem perceber que podem, se quiserem modificar os resultados dela em suas vidas. No Universo, não existe acaso e podemos dizer que existem 3 motivos para passarmos por situações desgastantes:

1- Resultado de ações de vidas passadas. 2- Resultado de comportamentos presentes. 3- São experiências que os planos superiores nos reservam, para que eduquemos nossos comportamentos emocional e intelectual.

A Lei de Causa e Efeito envolve resultados a logo e curto prazo. Existe no universo um relógio cósmico que não pode ser negligenciado sem prejuízo para o todo maior. Os seres humanos mais despertos à recepção de idéias, os chamados "canais", são preparados no plano interno, e, para isso, precisam estar atentos à urgência do momento e promoverem uma mudança íntima, que começa com o domínio dos pensamentos e ações, o que significa viver dentro das leis de maneira positiva e caminhar para mestria. Temos a liberdade de escolher como iremos viver; como pensar, agir e sentir, assim manifestamos na vida só aquilo que aceitamos. Essa compreensão liberta o outro, pois assumimos total responsabilidade. Aqui entra a importância dos nossos pensamentos corretos: a mente cria e quando as situações de vida não coincidem com nossas metas, a nossa capacidade criativa está funcionando de maneira diversa consciente e inconscientemente. Ex: minha razão sabe que mereço levar uma vida plena e feliz, mas no meu inconsciente, eu tenho medo e culpa ou não me responsabilizo, culpando o outro.

Como identificar isso? Encarando os medos, os desejos, as más ações, examinando os fatos cuidadosamente e aceitando. Só assim criamos outra realidade conscientemente. Todas as emoções que experimentamos são reais, o problema é quando elas fogem do nosso controle, gerando ansiedade, insônia, etc., acabam consumindo a nossa mente. São estes estados emocionais e mentais que atraem acontecimentos que tentamos evitar e ajudam a perpetuar as experiências, gerando aquilo que chamamos "situações repetitivas" e as confundimos com carma. Nossa mente é poderosa e não nos damos conta disso.

O Yogue Raman era um verdadeiro mestre na arte do arco e flecha. Certa manhã, ele convidou seu discípulo mais querido para assistir uma demonstração do seu talento. O discípulo já vira aquilo mais de cem vezes, mas - mesmo assim - resolveu obedecer ao mestre. Foram para o bosque ao lado do mosteiro: ao chegarem diante de um carvalho, Raman pegou uma das flores que trazia em seu colar, e a colocou em um dos ramos da árvore. Em seguida, abriu seu alforje, e retirou três objetos: seu arco de madeira, uma flecha, e um lenço branco. O yogue, então, posicionou-se a uma distância de cem passos do local onde havia colocado a flor. De frente para o seu alvo e pediu que seu discípulo o vendasse com o lenço bordado. O discípulo fez o que o mestre ordenara. "Quantas vezes você já me viu praticar o nobre e antigo esporte do arco e flecha?" - perguntou. "Todos os dias", respondeu o discípulo. "E sempre o vi acertar na rosa, a uma distância de trezentos passos".

Com seus olhos cobertos pelo lenço, o yogue Raman firmou os seus pés na terra, distendeu o arco com toda a sua energia - apontando na direção da rosa colocada num dos ramos do carvalho - e disparou. A flecha cortou o ar, provocando um ruído agudo, mas nem sequer atingiu a árvore, errando o alvo por uma distância constrangedora. "Acertei?" - disse Raman, retirando o lenço que cobria seus olhos. "O senhor errou - e por uma grande margem" respondeu o discípulo. "Achei que ia mostrar-me o poder do pensamento, e sua capacidade de fazer mágicas..."

"Eu lhe dei a lição mais importante sobre o poder do pensamento", respondeu Raman. "Quando desejar uma coisa, concentre-se apenas nela: ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver".

Pensamentos têm que ser direcionados corretamente e, na maioria das vezes, a boca fala uma coisa e a cabeça pensa outra. Sem integração, o pensamento é igual a uma carroça onde os cavalos vão cada um para um lado. Aquilo que chamamos carma, muitas vezes, nada mais são, que "hábitos adquiridos", que nublam, corroem, distorcem os pensamentos. São os conflitos que tiram nossa harmonia e nos afastam de nossas metas. Purificar a mente enevoada, através do aprendizado na matéria, treinando ouvir o corpo físico, as emoções e os pensamentos, para então liberá-los, é a chave para felicidade.

Vera Godoy

À procura de um guru - Capítulo 5 por Márcio Lupion - marcio@kallipolis.org

No momento, o mais importante era tentar manter a sanidade; a luz que surgia e se dissipava dos olhos do Márcio parecia mais uma projeção de um estado de angústia psicológica, do que uma atividade espiritual. Mas aquela foto do senhor Ramana Maharshi na sua frente com uma história de coragem, de busca da consciência, de um ser que desejava ser o 63º santo do templo de Viruya Namalaia, com aqueles relatos incríveis sobre morar na caverna de um tigre e, quando este morre diante dele, a sua pele torna-se o seu tapete de meditação, exatamente igual ao Senhor Shiva em suas imagens.

Aquilo tudo, para um jovem de 20 anos, era um encontro com a sanidade, o que dava sentido à vida e esclarecia que a paz e o viver consciente eram possíveis e que nós podíamos, sim, não concordar com o sistema, com suas normas do viver e divertir-se a partir dos sentidos, levando-os até o seu limite; envelhecer, ter algum prazer, muita dor e morrer.

A procura de um guru naquele momento era fundamental... porque o Marcio estava quase enlouquecendo, não era mais suportável ficar vivendo somente de livros.
Então, numa certa ocasião, enquanto ele estava lavando as escadas e cuidando do jardim, sua mãe chega com um livro da editora Planeta, chamado Maha Yoga, ou seja, a Grande União...
Aquele livro tinha as mesmas imagens dos mestres que o Márcio havia achado nos muitos livros, buscando entender o que tinha acontecido com ele... estava lá o São Francisco de Assis, o mesmo do filme Irmão Sol, Irmã Lua do Franco Zeffirelli; tinha Jesus Cristo, na página do fundo, tinha o Mahatma Gandhi, lá na frente estava o Buddha, mais adiante tinha o Paramahansa Yogananda, o Babaji.

Parecia que todos os livros tinham se transformado em um só e que tudo aquilo era um resumo da sua busca espiritual, e aquele livro -diferente de todos os outros-, tinha um endereço de um ashram, no coração da cidade de São Paulo, na Rua Bela Cintra, muito próximo à universidade e da sua casa.
Passaram-se três dias até ele encontrar a coragem de visitar esse lugar sagrado, e ao chegar em frente a essa casa, de banho tomado e em silêncio, com flores e frutas nas mãos, tocou a campainha.
No entanto, começou a tremer, seu corpo inteiro estremecia, a atenção se dispersou, ele sentiu como se estivesse a ponto de desmaiar, entregou as flores para a primeira pessoa que encontrou na rua, uma velha senhora passando e, mais adiante, entregou os frutos a um mendigo. Caminhou confuso até a sua casa, no meio da tarde, sentou no pequeno altar que ele tinha construído com caixotes de madeira, simples panos e imagens recortadas de revistas, livros e chorou. Colocou a cabeça no chão, não se sentiu realmente aceito, porque a reação do corpo, da mente e da própria fala, transformou-se em angústia e rejeição. Chorou muito se sentindo não capaz e nesse estado ele simplesmente desistiu...

Deitou, dormiu com um entorpecimento já comum, depois da presença do Ramana em sua vida, um sono em sonhos, um sono profundo, onde simplesmente se deitava, fechava os olhos e quando os abria de novo tinha se passado uma ou duas horas; e o corpo não pedia nenhum tipo de movimento.
Aquela sensação passou e ele se levantou, preparou-se para ir à faculdade, entrou em uma livraria próxima, na Rua Martins Fontes, que se chamava Zipak, uma das poucas naquela época que possuía livros espirituais, foi até o dono da livraria -o Sr. Luis- e pediu: por favor, esse ashram, eu sei que fica aqui no Brasil, mas eu tenho certeza que ele mudou - Marcio não sabia que o ashram havia mudado, tinha falado de uma forma absolutamente intuitiva, onde ele simplesmente ouviu o que falou, não houve estranhamento, o som só saiu e o Sr. Luis, muito gentil, falou apontando na imagem: "ah, sim, aqui é a casa do Sr. Mahakrishna Swami, é o ashram dele, e ele realmente mudou da Rua Bela Cintra e foi para a Lapa, à rua Toneleiros; você quer o endereço"?

O Marcio, de repente, ficou absolutamente em paz, como se fosse um observador olhando para todo aquele cenário de certezas e dúvidas, pegou o endereço e se preparou de novo durante mais três dias, com meditação, jejum, limpeza e silêncio; comprou de novo flores e frutas. Chegou à Rua Toneleiros, na Lapa, desceu a rua e chegou à frente de uma ladeira.. lá estava a casa, inteira branca, com suave cheiro de incenso e uma primavera grande na entrada... e tocou a campainha.
Uma voz com um sotaque carregado, de estrangeiro, atendeu e ele falou: Bom dia, por favor, eu gostaria de conhecer o ashram, conhecer o swami, se for possível.
O estrangeiro respondeu: Mas o horário da aula é às sete horas da noite... O Marcio, então, argumentou: eu sei que ainda são cinco horas da tarde, mas estou esperando há três dias para entrar em contato... gostaria pelo menos de deixar as flores e as frutas.
E aí como em qualquer filme que se preze, a porta se abriu e um homem com a pele muito escura, não como os descendentes de africanos, mas como os hindus, com cabelos muito lisos e escuros, com os olhos brancos, brilhantes, uma barriga um pouquinho proeminente (espero que onde ele estiver agora ele não se sinta chateado com essa descrição), e de uma doçura impressionante, gestos serenos, apareceu.

Olhou dentro dos seus olhos e perguntou o que ele queria. E aí Marcio respondeu: eu só quero encontrar a felicidade e devolver o meu olhar a mim mesmo.
Então, ele disse para subir e contar a sua história.

Subimos uma grande escadaria de uns três ou quatro metros, uma primavera sobre as nossas cabeças; à direita, passamos por uma fonte que continha a imagem de Santo Antonio de Pádua, franciscano. E aí caminhando nós chegamos a uma casa de tijolinhos, com uma porta em arco, alguns vitrais muito bonitos, com Krishna, Brahman, Radha. Subi aquela escadaria com flores brancas, paredes brancas e, quando chegamos ao último lance, havia um enorme tapete verde, em uma sala que deveria ter uns 10m x 20m, com um lindo altar, com a figura do Ramana Maharishi, no centro; à direita, uma imagem do Jesus Cristo e, à sua esquerda, uma imagem do Senhor Buddha.

Eram fotos que representavam mais do que mestres, simbolizavam a história do Márcio e naquele instante parecia que ele estava retornando ao lar, voltando para casa pela primeira vez, e, finalmente, podendo entender alguma coisa depois daquele filme...
Sentado na frente desse swami, que se manteve em silêncio, quase não era possível vê-lo respirando. O Márcio não sabia se chorava ou se sorria, saiam lágrimas de gratidão dos olhos, e ele, pela primeira vez, contou a história do filme. Após três anos, foi a primeira vez que ele contou das luzes, do mendigo, da carroça, da paz que ele percebeu ao lado daquele ser humilde, dos dias de serenidade que se seguiram e da grande alegria por ter encontrado o livro do Ramana Maharishi.

O swami olhou para ele e falou: filho, as suas intenções são legítimas, estamos aqui para servi-lo, a partir de amanhã você pode vir às aulas.
Ali começou o caminho da iluminação, do entender que a vida é feita de amor.

Felicidade é reconhecer as limitações

Tenhamos em mente que somos aprendizes na escola da vida.
Muitas vezes nos cobramos atitudes, desempenho e
capacidade para os quais ainda não estamos preparados.

Tudo há seu tempo.

Há aqueles que por orgulho se revoltam,
pois gostariam de ocupar posição melhor na sociedade,
diante dos outros. Isso é orgulho e vaidade.
Não podemos querer dar aquilo que ainda não possuímos.
Devemos reconhecer que estamos no lugar certo neste mundo
e que compete a nós melhorarmos nossa condição interior,
com a nossa reforma íntima, caminhando devagar e com segurança.

Alcançar o topo, galgando degrau por degrau.
A lição mal aprendida no caminho nos fará falta lá na frente,
quando outras mais complexas se nos apresentarem.

Assim, estar feliz é saber que podemos,
mas que ainda temos limitações,
as quais com o passar do tempo
e do nosso aprendizado diminuirão gradativamente,
levando-nos ao infinito.

Confiemos em Jesus,
pois Ele está ao nosso lado nos amparando
e nos apoiando na nossa escalada,
rumo ao topo da montanha da vida.

wwww.gotasdepaz.com.br

10 Estratégias de Manipulação Midiática :: Acid ::

O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou uma lista das "10 estratégias de manipulação" através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais" (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas').

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES
Este método também é chamado "problema-reação-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto...

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

sábado, 9 de outubro de 2010

Começa em cada um por Maria Cristina Tanajura - tinatanajura@terra.com.br

Para sermos felizes, precisamos amar. Em primeiro lugar, a nós mesmos, procurando resolver as inquietações interiores, tentando compreender o porquê das tristezas que assomam sem que pareçam ter alguma ligação com a nossa realidade, enfim, nos aceitando. Parece uma receita fácil, mas sabemos que não é. Exige que deixemos um pouco de lado a rigidez e as exigências de perfeição, pois sem isto, viveremos sempre a nos julgar culpados e inadequados. Dizendo isto, não penso que devamos ignorar nossos erros, mas acho que é necessário que nos perdoemos e usemos a energia do amor para nos modificarmos, andando sempre pra frente.

Em seguida, e só nesta ordem, podemos começar a amar o outro. Aquele que é parecido conosco em essência, mas que na verdade é tão diferente de nós também. Normalmente, com o mesmo peso que usamos para nos julgar, analisamos os erros dos demais. Se nos perdoamos, mesmo que em meio à tristeza de termos mais uma vez errado, também conseguimos relegar e aceitar o outro com suas fraquezas.

Amar o que fazemos é fundamental! Pois tudo que é feito com amor dá bons frutos, é valoroso, tem mais chance de ser apreciado. Seja o que for que estivermos fazendo naquele momento mágico chamado presente, que seja feito de forma amorosa, como se estivéssemos trabalhando para Deus, pois na verdade Ele está em cada pessoa em torno de nós. Desta forma, se não tivermos recompensa financeira pelo feito, a alegria e o bem-estar que sentiremos logo após serão nossas e estaremos muito bem pagos.

Amar a Natureza, que é nossa casa, da qual dependemos e com a qual interagimos constantemente. Somos parte dela, estamos nela e ela em nós. O que fizermos de mal a ela, na verdade estaremos fazendo a nós mesmos.

Imaginem comigo um mundo - que já se anuncia - em que se vivesse assim. Que paraíso, que lugar harmonioso, alegre, feliz! Para isto precisamos nos preparar e ajudar nossos filhos e amigos também, todos aqueles aos quais tivermos acesso. Começando sempre por nos curar.

De dentro, pra fora, construiremos um ambiente pacífico, amoroso e equilibrado. Este sentido de caminhar precisa ser obedecido. Ou os resultados não serão eficazes.

Só podemos dar o que temos e refletiremos, em torno, exatamente o que somos. As máscaras sociais, embora muitas vezes necessárias, são precárias e caem a todo instante. Busquemos nos fortalecer através do autoconhecimento, da busca de nossa essência, pois ela nos mostrará sempre o caminho mais adequado para cada um de nós.

Guardemos energia, no dia-a-dia, para este trabalho de questionamento íntimo, de busca de respostas interiores, de meditação, de silenciar e escutar uma voz que só nos fala quando estamos quietos e serenados, relaxados.

Para que corrermos tanto, nos estressarmos, buscarmos possuir coisas que logo, em pouco tempo, se desfarão, pois não passam de ilusão?
Que ao nascer de um novo dia, sempre pensemos primeiro em nos ligarmos ao Eu interior, a Deus, pedindo-Lhe que nos assista em todos os instantes que virão e que, em cada momento de intervalo, no trabalho, nas filas, enquanto dirigimos, façamos novamente este movimento, fortalecendo a união com o divino em nós, nos equilibrando e afastando o medo e as dúvidas.

Assim, substituiremos a frustração por um entendimento maior, que não se abala com problemas pequenos, mas insere-os num contexto mais amplo, aceita e espera...

Enfim, temos em nós as respostas, se as procurarmos com dedicação e temos também a força para recomeçar sempre. Este amor que é a vida em nós precisa se expressar... É preciso fazer pulsar e distribuir este afeto, para que o mundo se torne o local bonito que pode ser, onde todos nos respeitaremos e nos perdoaremos como o fazemos com nós mesmos.

Já podemos viver assim. Precisamos tentar e perseverar e tudo o mais se arrumará em torno da cada um de nós.

Qual sua última palavra? por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br

Qual sua última palavra?

por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br


Com certeza, a vida não vem pronta. O tempo todo podemos interagir com as coisas à nossa volta. Podemos agir mal e podemos agir bem. Podemos nos magoar com as coisas que as pessoas nos fazem e podemos ter uma luz nesse momento, e entender que a pessoa está com problemas, e relevar atitudes grosseiras. Mas, se por acaso, estamos tristes, meio depressivos, ou confusos, uma pequena discussão pode ter enormes repercussões.

Conheci várias pessoas que romperam com a família, com um relacionamento, por conta de um mal entendido e, depois do fato consumado, não conseguiu voltar atrás. Pois é, amigo leitor, podemos piorar ou entender as coisas. Claro que em alguns momentos precisamos colocar limites, dizer o que pensamos, mas em outros momentos se percebemos que está acontecendo um engano da parte do outro, é preciso ter paciência e deixar aquilo passar.

No último domingo da votação vi uma cena insólita. Estava saindo do colégio onde votei numa rua super movimentada e esperava minha filha ao lado de dois policiais. Como ela demorou, fiquei observando as pessoas, casais de mãos dadas, senhoras de idade acompanhadas pelos filhos, gente jovem conversando animadamente, enfim, uma multidão passou por mim, mas o que me chocou foi ver um homem que quase atropelou um passante sair do carro e xingar o outro de forma descabida. Ele parou o carro, desceu e começou a insultar o homem que ele quase atropelou. O outro é claro que revidou, e o desfile de impropérios foi crescendo, sem que nem um nem o outro se desse por satisfeito. Cada um queria ter a palavra final, então, quando um falava uma bobagem o outro respondia.

Apenas quando eles se distanciaram e não podiam mais se ouvir é que a briga serenou. Como eu estava perto do carro, fiquei vendo o agressor entrar totalmente desarmonizado. Um verdadeiro show de horrores. As outras pessoas que estavam por perto ficaram de boca aberta com o ocorrido e, por coincidência, os guardas naquele momento tinham se afastado para ajudar um cadeirante.

Fiquei imaginando que aquele homem tinha que agradecer a Deus por não ter atropelado alguém, pois o outro poderia ter se ferido, ou até morrido, mas não... No auge do estresse ele gritou, agrediu, insultou.

Pensei que muitas vezes somos convidados a agir mal. Algumas situações tiram a gente do sério e se não nos cuidamos podemos fazer algo semelhante. Podemos reagir muito mal a algo externo, mas, com certeza, fazemos isso quando estamos afastados das orações, quando estamos preocupados com coisas para resolver, ou quando estamos com raiva reprimida e aquilo se torna o estopim da bomba emocional.

Por isso que precisamos da prática espiritual, precisamos meditar, participar dos grupos, trocar energia e, quando necessário, fazer terapia. Precisamos nos expor para alguém, trocar sentimentos, aprender a ouvir o que as pessoas pensam sobre nós. Guardar sentimentos, reprimir emoções faz muito mal, e quando menos esperamos, podemos ser surpreendidos soltando uma explosão de atitudes grosseiras, palavras duras para o mundo à nossa volta. São fatos e situações que poderíamos evitar se estivéssemos em harmonia. Acho que a última e a primeira palavra deveria ser paciência.

Equilíbrio :: Elisabeth Cavalcante ::



Há muito já sabemos que o desequilíbrio tem origens profundas em nosso psiquismo, mas geralmente só conseguimos perceber isto quando as doenças físicas ou psíquicas já se encontram instaladas.

Os problemas emocionais não resolvidos acabam por criar padrões negativos em nossa mente, levando-nos ao medo, à insegurança e a uma expectativa sempre voltada para acontecimentos ruins.

O resultado disto acaba se refletindo, invariavelmente, no funcionamento de nosso corpo. Se a mente tem tal poder, podemos, de maneira consciente, tentar modificar este padrão. O primeiro passo é observar o modelo usual de pensamentos que costuma prevalecer em nós.

Só o exercício de observação permanente sobre nossa própria mente nos permitirá perceber como ela atua, e refletir sobre as razões de cada conceito negativo que cultivamos. A resposta se encontra em nosso interior e de nada adiantará procurá-la do lado de fora.

O equilíbrio emocional é resultado de uma ação consciente e não será alcançado se não nos esforçarmos diariamente na busca deste objetivo.
Quanto mais desejosos estivermos de paz e serenidade, maiores serão as chances de que possamos vivenciá-las, pois a vontade é o motor essencial para se alcançar este estado.

"Criando a própria vida
Criamos continuamente possibilidades em torno de nós, mas nos surpreendemos quando elas acontecem. Vigie bem suas idéias e observe como elas criam sua vida. Alguém pensa que é um fracasso, que não vai fazer nada na vida. Realmente, essa pessoa não irá fazer nada porque sua idéia está criando a sua realidade. Quanto mais ela achar que não está conseguindo nada, quanto mais essa idéia for reforçada pelo feedback, mais ela achará que está se tornando um fracasso. Cria-se um círculo vicioso.

...Se um homem pensa que jamais encontrará um amigo, ele não encontrará. Ergueu em torno de si a Muralha da China; não está disponível. Ele precisa provar que sua idéia está certa, lembre-se. mesmo que alguém se aproxime com grande cordialidade, será rejeitado. Ele precisa provar sua idéia; está muito comprometido com ela. Não irá se desviar dessa idéia, porque ela é uma parte importante de seu ego. Ele precisa provar ao mundo que tinha razão, que ninguém pode ser seu amigo, que todos são inimigos. E pouco a pouco todos se tornarão seus inimigos.

Observe a sua mente. Você está constantemente criando sua vida, está constantemente fabricando sua vida."
Osho, Vá Com Calma.

Remova os obstáculos para a prosperidade fluir! por Nelson Matheus Silva - matheussilva_frc@yahoo.com.br



Respire fundo! Se suas narinas estiverem obstruídas, como o ar poderá passar?

A vida em suas infinitas formas nos presenteia dia após dia com a sua leveza magistral, com o transcorrer dos acontecimento naturais, inevitáveis, descartando e reciclando o que não é mais útil, fazendo chover onde é necessário, fazendo o sol arder mais nas terras que melhor suportam a sua temperatura, mantendo sempre uma harmonia perfeita, muitas vezes longe do entendimento humano.

Se formos observar o ser humano também, podemos notar exatamente a mesma coisa. A organização das células, as batidas do coração, o funcionamento dos sistemas... Só uma Força maior, sem limites e sem nome poderia conceber tal coisa e uma sincronicidade de eventos internos e externos aparentemente inexplicáveis.

A prosperidade na vida vai muito além da financeira. A prosperidade comporta uma saúde plena, amor incondicional, experiências sem fim, tolerância inabalável, vida longa e muito mais. Sinto que isso estremece alguns que lêem estas linhas, contudo, é essa a condição natural e original do ser humano.

Como saber se sua prosperidade não vai bem? Analise se alguns desses pontos está comprometido!

Na cultura indiana, Sri Ganesh é a Divindade responsável por remover os Obstáculos de nossas vidas. Ele é ainda invocado para trabalhar as imperfeições do caráter humano, pois os orientais compreendem que a prosperidade, em qualquer de suas manifestações, é um resultado de um trabalho interno árduo.

Entendamos que prosperidade não é acúmulo, é fluxo. Tudo que pára em nossa mão não é prosperidade. Porque a prosperidade é movimento puro, ela passa de um para outro e se pára com você faltará para alguém e assim por diante.

Comece por esvaziar seu "Porão Interno". Liberte-se de suas mágoas e você conseguirá amar cada vez mais, perdoar sem limites e terá mais motivos para ser cada vez mais saudável. Esqueça o passado e seu fígado adorará isso! Lembre-se que para a Medicina Oriental o fígado é o filtro das emoções e saiba sempre: se suas emoções vão bem... suas finanças e o resto vão bem! Desprenda-se ainda do controle! Esse, junto ao medo [de qualquer coisa], é o pior veneno contra a prosperidade!

Tudo isso representa obstáculos para você ser pleno! Observe que é uma vida que está em jogo! É o seu direito de ser totalmente realizado nesta vida que está em evidência! Permita-se usufruir tudo que a vida tem para lhe oferecer sem culpa!

Remova os obstáculos e seja feliz porque felicidade não é um lugar onde se busca algo. É simplesmente limpar as gavetas das coisas velhas e ver que elas são perfeitas como são. Então, a mágica se manifestará. Permita-se.

Ganesha Sharanam Sharanam Ganesha!

Redescobrindo o Perdão

Redescobrindo o Perdão



Até há pouco tempo, falar de perdão cabia de forma exclusiva aos religiosos. Dizer a alguém que lhe seria melhor perdoar, conforme ensinou Jesus, parecia próprio de quem vive fora da realidade.
No entanto, na atualidade, perdoar tem se tornado uma medida de bom senso. Pessoas não religiosas têm descoberto que perdoar é terapêutico.

O Dr. Fred Luskin, diretor do projeto perdão, da Universidade de Stanford, em seu livro “O poder do perdão”, afirma que carregar a bagagem da amargura é muito tóxico.
Nos estudos que realizou com voluntários, constatou que a ação de perdoar lhes melhorou os níveis de energia, de humor, a qualidade do sono e a vitalidade física geral.
Isso ocorre, explica, porque somos programados para lidar com a tensão. Pode ser um alarme de incêndio, uma crise, uma discussão mais acalorada.
Nessas ocasiões, o corpo libera os hormônios do estresse – adrenalina e cortisol – acelerando o coração, a respiração e fazendo a mente disparar.
Ao mesmo tempo, a liberação de açúcar estimula os músculos e os fatores de coagulação aumentam no sangue.
Se isso for breve, como por exemplo um sobressalto na estrada por um quase acidente, é inofensivo.
Contudo, a raiva e o ressentimento são como acidentes que não têm fim. Transformam em toxinas os hormônios que deveriam nos salvar.
O efeito depressor do cortisol no sistema imunológico está relacionado a doenças graves. Ele esgota o cérebro, causando atrofia celular e perda de memória.
Ainda mais, provoca doenças cardíacas por elevar a pressão sangüínea, os níveis de açúcar no sangue, enrijecendo as artérias.
É aí que entra o perdão, que parece interromper a circulação desses hormônios.
Vejamos algumas dicas para encontrar a paz, através do perdão, melhorando a nossa qualidade de vida.
Primeira – concentre-se nos fatos da ofensa. Quase sempre quando nos sentimos ofendidos, nossa tendência é aumentar o que de fato aconteceu.
Acrescentamos os nossos sentimentos e tudo toma um volume muito maior.
Segunda – tente entender o que ocasionou a ofensa. Por vezes, somos nós mesmos os promotores dela, por algo que tenhamos dito ou feito.
Mesmo que não tenha sido nossa intenção ferir a outro, a forma como dizemos ou uma atitude que tomemos em um momento delicado, pode levar a criatura a reagir mal, agredindo.
Terceira - focalize a natureza humana do agressor, não só a sua atitude. Pense em que nós mesmos, no trato pessoal, em momentos de estresse, de cansaço, dizemos coisas que constituem mais um desabafo. Assim pode ocorrer com o outro, porque na terra somos todos ainda seres muito imperfeitos.
Quarta – perdoe apenas para si mesmo. Ninguém mais. Perdoe em seu coração. Não é indispensável que você comunique o fato ao agressor.
Enfim, lembre que perdoar de forma alguma significa que você concorda com a ofensa. Muito menos que você deve permitir que o tratem injustamente.
A sabedoria de Jesus recomendou, há mais de 2000 anos: “amai os vossos inimigos. Fazei o bem aos que vos odeiam. Orai pelos que vos perseguem e caluniam. Perdoai aos homens as faltas que cometerem contra vós”.
E acentuou que nunca se deveria guardar mágoa.
Se num momento de oferenda de nosso coração ao pai, nos lembrássemos de que alguém tem algo contra nós, prescreveu Jesus que deveríamos, antes, nos reconciliar com o adversário.
O Mestre do amor e da sensibilidade sabia porque dizia essas coisas.
Os estudiosos de hoje estão provando que ele tinha toda a razão.

Redação do Momento Espírita.
www.momento.com.br

sábado, 2 de outubro de 2010

Entre dois mundos - Capítulo 4 por Márcio Lupion - marcio@kallipolis.org Parte 1

Foram três longos anos de estudos, que começaram a partir da Bíblia, do entendimento de quem era a figura de um ser que hoje nós conhecemos como Jesus. Tentar entender o que significa a figura de um Cristo e por que esse homem se destacou na história, por que se sacrificou por um ideal, isso para um jovem de 20 e poucos anos, surfista, que estava mais preocupado em brincar com a vida do que assumir qualquer tipo de responsabilidade, era uma reflexão que veio antes do período da maturidade e isto para compreender a razão desses homens, o São Francisco, do filme, e o São Francisco de Assis, de verdade, o Jesus Cristo e o recém-descoberto Mahatma Gandhi, pensarem e agirem da maneira como agiram.

Foram exaustivos anos lendo biografias e ensinamentos e o tempo foi ficando cada vez mais extenso, pois, a sensação de não encontrar em um livro o que significavam aquelas luzes... e, mais ainda, o que era o sentimento que habitava agora sua mente e coração, um sentimento de expansão, sem eco nenhum no mundo; nenhuma pessoa em volta estava interessada em entender a vida, ninguém se preocupava com a morte, com a possibilidade de morrer no próximo segundo. Era uma sensação de que o tempo ia passar e a gente ia deixando as coisas importantes para pensar no dia seguinte.

Então, o Marcio entrou em um processo de reclusão voluntária, trancou-se no quarto e leu... foram quatro livros, ao mesmo tempo: o Baghava Gita, Lao Tsé, a Bíblia, o Corão.

Como pesquisador, procurava pontos em comum entre esses livros e ainda a chave que ligava tudo aquilo, que era o amor, um amor incondicional, sem restrições, compreensivo, um amor totalmente desprovido de exemplos... e não encontrava ninguém que sentisse e pensasse dessa forma no mundo.
Era como um vazio, um vazio enorme; a faculdade à noite se tornou uma enorme televisão, onde em cada aula o Márcio sentava e apenas olhava para tudo... na mente, no olhar, procurava apenas pessoas de verdade e o que, para ele, naquele tempo, significava pessoas amorosas, afetivas, gentis; não era possível que na história do planeta só existissem alguns exemplos desse tipo de visão, desse tipo de realidade.

O desespero foi chegando e os livros já não satisfaziam mais.
E o Márcio saiu de uma aula à noite, caminhou -chorando muito-, perambulou da universidade, que fica no bairro do Higienópolis, até o largo São Francisco, onde há duas igrejas de São Francisco, entrou na igreja da direita, que é a Igreja das Chagas de São Francisco de Assis, uma igreja mais vazia, já conhecida por ele, entrou e ajoelhou-se em frente ao altar onde tinha uma estátua do Jesus todo marcado da crucificação, com pouquíssima luz. Colocou a cabeça no chão e chorou, chorou com uma intensidade e desespero incontáveis; parecia que toda a dor do mundo estivesse naquela dúvida de não encontrar ninguém amável, ninguém gentil de fato e que prestasse atenção no outro.

Entre esse momento e o filme já havia se passado quase três anos. Chorou muito, não apareceu ninguém, a igreja estava vazia, provavelmente estava na hora de fechar... e assim, como que de súbito, o choro passou, levantou a cabeça e olhou para o altar, as lágrimas estavam secando, aquela estátua continha um brilho azulado muito próximo ao daquele homem da carroça e dos seres que foram vistos naquele dia, parecia até que os olhos da estátua estivessem olhando para ele. Foi possível perceber vida na estátua, uma vibração luminosa brotando como uma fumaça, surgindo de todo o altar, de cada figura sagrada, de cada detalhe na parede e o ambiente -como que de repente- passou a ser um ambiente de sonho, tudo vibrava...

O corpo começou a adormecer, os pés, as mãos... da ponta dos dedos para dentro, ele foi forçado a sentar, bateu com as mãos nas pernas para tentar fazer passar essa sensação de dormência, porém ela foi tomando conta de todo o corpo, que passou a vibrar em uma intensidade muito forte, muito expressiva, e, então, ele saiu caminhando como se estivesse em transe, (hoje eu sei que foi um transe). Caminhou do Largo São Francisco até próximo da Rua Martins Fontes, onde havia uma livraria. Nessa época, ele garimpava todos os livros possíveis, de Humberto Holden, até livros chineses sobre geomancia, ciências espirituais e ciências ocultas. Ao entrar, foi até a sessão de livros espirituais e passou a mão em frente aos livros... a mão parou na direção de um livro que dizia: "Ramana Maharishi, o caminho do autoconhecimento", um livro que tinha a imagem de um santo da Índia e, por uma incrível coincidência, tinha a capa de um tom azulado muito próximo das cores azuis que ele reconhecia e havia visto pela cidade em algumas pessoas, nas pegadas e nos animais, um azul intenso -mas absolutamente luminoso- com algumas nuances de branco.

Comprou o livro e, com ele nas mãos, saiu caminhando pelas ruas... Chegou em casa, trancou-se no quarto e abriu o livro... uma surpresa fantástica o levou a perceber que se tratava da história de um santo na Índia, o sexagésimo quarto de uma linhagem de Shiva, uma linhagem de homens de total pureza, dos homens que andam semi-nus, sem nenhum tipo de posse, sem nenhum tipo de desejo, sem preocupação no futuro e sem memória nenhuma do seu passado: são os homens que entregaram toda a existência a Deus renunciando a qualquer tipo de ação no mundo e fora dele.

A Graça :: Elisabeth Cavalcante ::


A maioria dos seres humanos tem dificuldade em entender como age a lei da graça. Alguns consideram a graça de Deus um presente que, por alguma razão, encontra-se disponível apenas para poucos privilegiados.

Entretanto, a graça é algo disponível para aqueles que acreditam nela com a totalidade de seu ser. Não existe uma regra ou uma fórmula mágica para fazer com que se manifeste em nossa vida.

Ela surge como resultado de nossas próprias atitudes e da maneira como nos relacionamos com o divino. Não basta pedir a Deus para que as coisas aconteçam, precisamos fazer a parte que nos compete. Ora, dirão alguns, eu já fiz tudo o que estava ao meu alcance e nem assim alcancei o que necessitava.

Porém, fazer a nossa parte nem sempre significa apenas agir no aspecto exterior, existe uma misteriosa lei que rege a nossa relação com Deus e que se expressa através da confiança.

É aí, que, acredito, falhamos na maioria das vezes no que compete a nós. A confiança não é uma palavra vazia, ela é um sentimento profundo, uma certeza inabalável de que a resposta virá, no seu devido tempo.

O problema é que, na maior parte das vezes, desejamos que ela se manifeste imediatamente, visto que nossas necessidades, ditadas pelo ego, são sempre urgentes.

E quando ela não vem no prazo que gostaríamos, passamos a duvidar de que Deus esteja disposto a nos ajudar. Em muitos momentos nos sentimos verdadeiramente preteridos ou abandonados por Ele, injustiçados por não ver respondidas as nossas súplicas.

Seja o que for que a vida nos reserve, tem um propósito único: o de nos ensinar algo, que nem sempre conseguimos enxergar. Se cada acontecimento contém em si uma lição, só nos resta refletir, sobre o que precisamos aprender com aquele fato. E se ele se repete por muito tempo, talvez seja porque ainda nos recusamos a perceber o aprendizado que precisamos aceitar.

A aceitação é, sem dúvida, uma das mais complexas lições de nossa vida, mas sem ela dificilmente conseguiremos estabelecer as condições necessárias para receber a graça divina.

"O real se torna disponível somente quando você trabalha por ele com sua totalidade.

Mas lembre-se, eu não estou dizendo que o real se torna disponível somente através do seu trabalho... há um paradoxo nele. Você tem que trabalhar duro; não acontece pelo seu trabalho sozinho. Ele acontece pela graça...

Você trabalha duro - nunca acontece sem o seu trabalho duro, é uma coisa certa. Acontece somente quando você trabalhou duro - mas somente cria a situação para acontecer. Não é como causa e efeito. Não é que você esquenta a água a cem graus e então ela evapora - não é isto.

É uma segunda lei, uma lei da graça, totalmente diferente. Você trabalha duro, você vem para a posição cem do grau, então, você espera lá - pulsando, esperançoso, vivo, feliz, celebrando, cantando, dançando. Você espera lá no ponto do centésimo grau.

É uma necessidade, você deve vir para o ponto do centésimo grau - mas agora você tem de esperar, você tem de esperar paciente e amavelmente. Quando o momento certo vem, quando seu trabalho está completo e sua espera também está completa, então a graça desce.

Ou, você pode dizer que a graça ascende - ambos significam o mesmo, porque ela vem do mais profundo centro do seu ser. Parece descendo porque você não conheceu a sua mais intima profundidade, até agora. Parece como se algum lugar acima viesse para você - vem realmente de algum lugar dentro de você. Mas o interior é também o além.

Trabalho duro é necessário para alcançar a graça, mas a coisa real finalmente acontece somente por causa da graça. É um paradoxo. É difícil compreender.

Por causa deste paradoxo, milhões de pessoas têm perdido seu caminho. Há muitos que dizem - e eles são muito lógicos, sua lógica é impecável - há muitos que dizem, se vem somente pelo nosso esforço, então porque se preocupar sobre a graça e Deus?

Se acontece somente pelo nosso esforço, então ok, nós faremos todo o esforço e nos faremos acontecer. Então, eles não falam a respeito da graça ou de Deus. Eles perderão porque nunca acontece somente pelo seu esforço.

Então há pessoas que dizem que se acontece somente pela graça e nunca acontece pelo seu próprio esforço, então porque se preocupar? Nós precisamos esperar - e quando Deus vier, acontecerá.

Ambos perdem. Uns perdem por causa do egoísmo - somente meu esforço é suficiente, somente eu sou suficiente. Os outros perdem por causa da preguiça, da letargia. Ambos perdem.
Aquele que chega em casa segue o caminho paradoxal. Isto é o paradoxo.

"Eu tenho que trabalhar duro. Não somente duro, eu tenho que colocar o meu ser totalmente, como sustentação. Somente, então, eu me torno capaz de receber a graça. Mas acontece através da graça.

Um momento vem quando eu tiver feito tudo o que eu posso fazer, e então eu rezo que agora nada mais é possível do meu lado, agora algo é necessário do outro lado. E Deus começa trabalhar sobre você somente quando você tiver feito tudo que você podia fazer. Se algo ainda estiver faltando e uma parte do seu ser ainda não estiver envolvida, então Deus não pode vir ajudá-lo. Deus ajuda somente aqueles que ajudam a si mesmos.

Este é o paradoxo... ele trabalha duro, e ainda confia que o último florescimento virá somente pela graça de Deus.

E é bonito. Nós somos muito pequenos, nossos esforços não podem criar muito. Nosso fogo é muito pequeno - somente através deste fogo nós não podemos colocar toda a existência em chamas.

Nós somos apenas gotas, não não podemos criar oceanos a partir destas gotas. Mas... Quando a gota relaxa, torna-se capaz de conter oceanos em si. Ela é pequena, se você olha apenas sua periferia, é tremendamente vasta se você olha a partir do seu centro.

O homem é ambos. O homem é o paradoxo. Ele é a menor partícula da consciência: atômico, muito atômico. E ainda contém o vasto. Todo o céu está contido nele.
OSHO- - The Art of Dying